terça-feira, 6 de julho de 2010

1. Ultimato

O tempo não deixava imune á perfeição de seu rosto, e eu tinha certeza de que nenhum aspecto dele deixaria de me surpreender. Meus olhos acompanhavam suas feições pálidas: o quadrado de seu queixo, a curva suave dos lábios cheios - agora retorcidos num sorriso - a linha reta do nariz, o mármore macio da testa - parcialmente oculta por uma mecha de cabelo bronze, escuro com a chuva...
Deixei os olhos para o final, sabendo que, quando olhasse dentro deles, talvez perdesse o fio do pensamento. Eles eram grandes, calorosos com o ouro líquido, e emoldurados por um franja grossa de cílios escuros. Olhar seus olhos sempre fazia com que eu me sentisse extraordinária - como se meus ossos tivessem virado esponja. Eu também ficava uum pouco tonta, mais isso devia ser porque eu me esquecia de respirar. De novo.

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